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COM BASQUETE ROBOTIZADO É DIFÍCIL GANHAR DA TALENTOSA ESPANHA

Fonte: Terra Esporte

É praticamente impossível o Brasil ganhar da Espanha. Não fiz, não faço e acho que jamais farei parte do time daqueles que acreditavam ser isso possível.

Os espanhóis são muito melhores. Tática e principalmente no aspecto individual.

Ao contrário do futebol, onde resultados surpreendentes acontecem mesmo com um time sendo inferior ao outro (faz um gol numa bola parada e passa o restante do jogo chutando a bola para o mato), no basquete é impossível vencer sem jogar melhor que o adversário.

Zebras existem no basquete, claro que existem, como existem no vôlei, no tênis e no handebol, por exemplo. Mas para uma equipe inferior ganhar da outra ela tem que ser melhor — ao menos naquela noite.
E eu, sinceramente, não consigo ver o Brasil jogando mais do que a Espanha. Não jogou nesta noite em Granada e, creio eu, dificilmente o fará.

Olimpíadas de Londres? Sinceramente, você acha mesmo que o Brasil ganhou aquele jogo?

Eu acho que a Espanha entregou-o para evitar os EUA nas semifinais. Simples assim.

Os espanhóis sabem arremessar, driblar e ler o jogo melhor do que os brasileiros. E isso os torna melhores.

Pra dificultar ainda mais o trabalho dos brasileiros, nosso ataque é autômato. É de uma previsibilidade constrangedora, a ponto de ser marcado sem muitas dificuldades, ainda mais por um adversário com a competência da Espanha.

Some-se a isso o fato de que nossos jogadores não têm iniciativa alguma durante a partida, porque, provavelmente, perdeu-a por conta da robotização do jogo.

A única jogada que eu consegui detectar é basicamente armada para Tiago Splitter definir! Nada contra Splitter, mas ele não pode ser o “key factor” de uma equipe que conta com Nenê Hilário, Leandrinho Barbosa e até mesmo Marcelinho Huertas, que poderia ser o ponto final de um trabalho ofensivo se ele não fosse um armador à moda antiquíssima, estimulado principalmente pelo treinador.

E tem mais: esse rodízio feito por Rubén Magnano durante os jogos é danoso ao time. Se o cara está bem, que fique em quadra!

Por que sair?

Em nome dos minutos que o “Playstation” determinou? Ora bolas, basquete é muito mais do que isso!

O calor do jogo, a emoção em quadra, o psicológico, o momento do jogador, isso tudo TEM que ser levado em conta! Um dos auxiliares de Magnano deve ficar com um cronômetro nas mãos apenas controlando os minutos dos jogadores em quadra. Não importa se o cara está bem; se ele atingiu a minutagem estabelecida, vai para o banco.

Isso aconteceu com Leandrinho, no segundo quarto, quando ele estava bem e fazendo os pontos para o Brasil encostar na Espanha. Inexplicavelmente, LB foi para o banco junto com mais três companheiros.

O que isso quer dizer?

A mim, absolutamente nada.

Controlar-se o tempo de quadra dos jogadores é possível e desejável, ainda mais num campeonato mundial. Mas há que se ter inteligência para isso.

Jogadores importantes descansam nos finais de quartos e no “garbage time”. Veja os minutos em que LeBron James, Kobe Bryant e Kevin Durant ficam em quadra. Nos jogos decisivos eles só saem por alguns minutos.

A menos que você tenha em mãos uma equipe como o San Antonio Spurs e seu treinador seja Gregg Popovich. Pop controla cirurgicamente os minutos de seus jogadores, mas quando o jogo está pegando fogo, quem está “on fire” fica em quadra.

Isso Magnano não sabe fazer isso — e nem tem em mãos um “roster” como Pop tem.
Por tudo isso, é praticamente impossível ganhar da Espanha. A menos que seja uma daquelas noites de March Madness.

* A foto acima é de Jorge Guerrero/AFP.

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