Governo federal mobiliza tropas do Exército em quatro cidades do MS

Com o objetivo de preservar a ordem pública e evitar conflitos entre grupos indígenas e proprietários rurais, tropas do Exército foram mobilizadas ontem para atuarem em quatro municípios do estado do Mato Grosso do Sul. Para durar 30 dias, a Operação Dourados começou às 12h e abrange as cidades de Antônio João, Aral Moreira, Bela Vista e Ponta Porã. A presença de militares deve ser maior em Antonio João, onde produtores rurais e índios entraram em confronto sábado e um guarani-kaiowá foi assassinado com um tiro na cabeça.

Conforme o Ministério da Defesa, aOperação Dourados se dá a partir de autorização da presidente Dilma Rousseff (PT) com base em pedido do governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB). Ontem pela manhã, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, braço militar do Ministério da Defesa, ultimou os documentos necessários para as ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) naquele estado da região Centro-Oeste.

Num primeiro momento, a mobilização do aparato militar envolverá o Exército. Porém, se houver necessidade, a Defesa poderá empregar tropas da Marinha e da Aeronáutica. O envolvimento das Forças Armadas foi solicitado pelo governo estadual a partir da informação de que o conflito na região ter assumido “grandes proporções”.

“A Polícia militar, com o apoio dos órgãos de segurança do ministério da Justiça, encontram-se em algumas dessas áreas para a proteção dos envolvidos, porém, em razão do vulto do conflito e da grande quantidade de indígenas, proprietários e funcionários, o efetivo mostra-se insuficiente para a garantia da lei e da ordem nos municípios”, disse o governador em ofício à presidente Dilma.

A partir deste documento, a autorização do emprego das Forças Armadas foi concedida e encaminhada ao gabinete de Segurança Institucional que, por sua vez, repassou a missão para a Defesa. A operação é executada pelo CMO (Comando Militar do Oeste), com o emprego de tropas que já se encontram naquela região do conflito.

Lei e ordem

O conflito naquela região se intensificou no sábado no município de Antônio João, situado na fronteira do Brasil com Paraguai. De acordo com informações preliminares do governo estadual ao Ministério da Defesa, nove propriedades rurais foram ocupadas pelos grupos indígenas e os ruralistas decidiram pela retirada dos índios. No fim de semana, o corpo de um jovem foi encontrado numa das fazendas invadidas.

O aumento da tensão levou o governador Reinaldo Azambuja a se reunir, anteontem, com representantes do CMO e demais autoridades da segurança pública. A partir daí, o chefe do executivo estadual iniciou troca de correspondências com o Palácio do Planalto para formalizar o pedido de emprego das Forças Armadas.

Segundo relato, os produtores rurais, em reação às ocupações, teriam iniciado bloqueios na rodovia MS 384, entre Antônio João e Bela Vista. De acordo com a polícia local, a decisão de retirar os indígenas se deu durante reunião no Sindicato Rural de Antônio João.

MINISTRO

Hoje, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, estará em Campo Grande para discutir com o governador Reinaldo Azambuja os conflitos por terra em Antônio João. A comitiva do ministro está prevista para chegar por volta de 10h, na Base Aérea da Capital.

A informação foi repassada ao senador Waldemir Moka (PMDB) pelo próprio ministro. Segundo Moka, Cardozo pretende levar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ou um representante do Ministério Público Federal.

Na capital, Cardozo se reunirá também com representantes dosprodutores rurais e dos índios. “O ministro quer conhecer todos os pontos do conflito e encontrar saída rápida que atenda os lados da disputa”, afirmou o senador.

Por volta de 14h de ontem o tenente coronel Rocha Lima chegou a Antônio João e se reuniu com militares que já estavam no município. No final da tarde chegou a tropa composta por 250 homens, que vai atuar na área de conflito por 30 dias. Conforme o decreto da presidência, o Exército intervém para evitar conflitos.

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